Já percebeu que quando duas pessoas falam com você é realmente impossível prestar atenção nas duas ao mesmo tempo?
Ou quando você está fazendo algo e sente o cheiro de queimado e rapidamente tenta identificar de onde vem o cheiro, ignorando por um momento o que estava fazendo?
As informações que chegam por todos os sentidos entram no cérebro e são afuniladas pois esse volume de estímulos precisa ser filtrado.
O cérebro escolhe a quem vai dar atenção de acordo com o estímulo o tom, forma, e com o que temos na memória de longo prazo.
A descrição do psicólogo Donald Broadbent chamada “Modelo de Filtro de Boardbent” é uma abordagem que descreve como as informações entram no cérebro, são guardadas na memoria de curto prazo, são afuniladas, filtradas e apenas uma parte dos estímulos que entraram são processados concedendo-lhes a atenção necessária.
“Nossa mente é como um rádio que recebe muitas frequências ao mesmo tempo.” – Donald Broadbent
Se pensarmos na quantidade de estímulos sensoriais que recebemos diariamente isso faz sentido. Cada estímulo seria uma frequência de rádio diferente, mas para sintonizar precisamos escolher uma. Essa escolha muitas vezes é inconsciente, mas as pesquisas mostraram que pessoas que tiveram algum indicativo prévio de onde deve se concentrar, tiveram sua atenção voltada para esse indicativo.
Faça o experimento
Coloque fones de ouvido e ouça o audio abaixo. Nesse audio existem duas pessoas falando, uma de cada lado. Perceba que você não conseguirá dar atenção as duas de uma vez. Terá que filtrar essas informações e prestar atenção em apenas uma.
Agora que ouviu o áudio, qual dos lados você prestou mais atenção? Certamente você preferiu o lado que foi mais confortável a sua percepção. O tom da voz, velocidade, dinâmica, e até mesmo alguma palavra que você ouviu o fez preferir uma informação ao invés da outra e ignorar o restante.
E isso com o marketing e a publicidade?
Muitas empresas desenvolvem sua mensagem de marketing pensando somente no que ela quer comunicar e ignora o que os clientes realmente querem (ou nem imaginam que querem).
Depois amplificam essa mensagem com o apoio dos canais de publicidade online e adivinha só? O resultado muitas vezes não atende as expectativas…
Percebo um problema em muitos sites que é exatamente a explosão de mensagens de diferentes lados.
Entrei em um site que tinha um conteúdo que estava interessado, e de repente, um banner no meio do conteúdo, depois pop-up de cookies, depois um pop-up com um formulário para newsletter, depois um banner gigantesco que cobria toda a página.
Mas sempre que via esses estímulos os ignorava e rapidamente procurava o botão de fechar. Meu foco ainda era o blog post que estava no site não em nenhum conteúdo extra que aparecia na tela.
Concordo que algumas pessoas podem converter nesses estímulos, mas se sua intenção é gerar contatos com qualidade, apressar muito as coisas pode acabar gerando exatamente o contrário além disso desgastando sua equipe de vendas e marketing para trabalhar esses leads desqualificados.
Capturar a atenção dos usuários hoje em dia é uma tarefa complicada que envolve além dos dados, a percepção de como as pessoas assimilam a informação e respondem a esses estímulos.
Pense nisso quando for desenvolver as estratégias comunicação da sua empresa:
- Qual o ponto central de tudo o que quero comunicar?
- Quando meu público “sintonizar” na minha mensagem, será que conseguirá despertar o interesse ou será plenamente vista e ignorada?
- O que tenho que comunicar é fácil de ser compreendido?
Entender do seu público verdadeiramente não precisa ser algo “as escondidas”. Acredito que perguntar para o público diretamente o que ele espera da marca às vezes é uma abordagem mais simples e direta que evita especulações sobre suas preferências.